Aos 24 anos, ginasta disputa seletiva de aéreos e tem chance de ir a Sochi 2014, mas não descarta volta ao esporte que a levou a duas Olimpíadas
Foram 13 cirurgias desde 2004. Sem visitar a mãe desde janeiro, quando passou pela última operação, Lais Souza decidiu que era hora de uma pausa na ginástica artística. A decisão é recente e ela não descarta um retorno. Por isso, prefere deixar o futuro em aberto. Além da ida para a casa da mãe na segunda-feira, a atleta aproveita o tempo para fazer cursos, relaxar com o peso e buscar novas atividades. Nesta sexta-feira, por exemplo, usou esquis pela primeira vez ao disputar a seletiva de esqui aéreo da Confederação Brasileira de Desportos na Neve (CBDN), em São Roque (SP), que também contou com a participação da ginasta Jose dos Santos, do Pinheiros.
- Eu decidi deixar eu respirar, pela quantidade de cirurgias que eu fiz. De 2004 para cá foram 13 no total. Mais de uma por ano. Também estressa um pouco saber que as pessoas podem investir mais, ajudar mais em equipamentos. Com tantos anos de treino, com os resultados que vêm, e ninguém dá atenção. Isso frustra. Eu me vejo no direito de me dar um tempo. Pelo que sei, até hoje tive bons resultados. Talvez eu volte a treinar, mas eu prefiro deixar em aberto porque ainda não tenho certeza. O ano de 2013 é muito parado. Não só para mim. Acho que para vários atletas – afirmou Lais, que disputou as Olimpíadas de Atenas 2004 e Pequim 2008 - e foi cortada duas semanas antes de Londres 2012 por conta de uma fratura na mão direita.
Lais foi convidada pela CBDN para fazer testes no esqui e resolveu encarar a oportunidade.
- A gente foi convidada e eu não vi por que não vir. Achei legal a proposta, diferente. Já tinha visto o esporte, mas nunca tinha reparado na altura, nas acrobacias. Com o tempo livre estou estudando um pouco, fazendo curso de inglês, curso de massagem. E outra coisas, como sair, que eu me privava por causa dos treinos. Não manter o peso. Coisas desse tipo que o atleta tem que fazer. Tem um, dois meses que não estou fazendo nada, e ansiedade para comer ou para manter o peso vão passando – destacou.
Mas se depender do técnico canadense de esqui aéreo Ryan Snow, que está trabalhando com a CBDN, as férias de Lais não vão durar muito. O treinador aprovou a participação dela e de Jose na seletiva e agora tentará convencer a confederação a investir nas duas.
- As garotas são muito boas, muito fortes, boas atletas. As duas são muito talentosas, extremamente fáceis de se treinar. Você fala algo e elas fazem em uma, duas tentativas. E elas arriscam, uma atitude que a gente precisa no aéreo. As duas têm coisas que quero e vou tentar manter as duas, mas o orçamento é para uma. Se tiver que escolher, será duro – afirmou o técnico, casado com uma brasileira há quatro anos.
A aposta em ginastas tem uma razão. A parte mais importante das notas do esqui aéreo são as acrobacias, algo que as atletas já estão acostumadas a realizar. Resta agora ensiná-las a usar o esqui.
Os treinamentos já começam em junho e duram até novembro. Em dezembro, a selecionada (ou as duas) disputam a primeira competição, uma etapa da Copa do Mundo na China. Elas terão ainda mais três oportunidades e, para conseguir uma vaga em Sochi 2014, precisariam de uma colocação no top 23 neste momento. Poderia ser a quarta classificação olímpica de Laís, mas apenas a primeira de Jose.
- Já que na ginástica não deu certo, não custa nada tentar em uma outra. Se eu tivesse uma oportunidade de ir para as Olimpíadas, acho que eu vou agarrar. Seria uma coisa única – disse Jose dos Santos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário