Considerando que a competitividade esportiva vem se tornando cada vez mais acirrada em consonância com as evoluções tecnológicas e metodológicas do treinamento desportivo, estratégias que possibilitem a recuperação do atleta tornam-se cada vez mais necessárias.
No caso dos futebolistas, cabe destacar que o tempo de intervalo entre uma partida e outra também vem sofrendo alterações, tornando os intervalos cada vez menores. A remoção do ácido lático bem como a preservação dos componentes osteo-músculo tendinosos são possibilitado graças a algumas técnicas recuperativas. Estes artifícios atenuam as dores musculares, aceleram no processo recuperativo, além de auxiliar no relaxamento do atleta.
O presente estudo visa fazer uma rápida compilação das técnicas mais comuns usadas na recuperação de futebolistas, destacando-se as sessões de alongamento, o trote; a massoterapia; a hidroterapia e hidroginástica e por fim a crioterapia.
Estratégias de recuperação
O trabalho de recuperação é tão importante quanto o próprio treinamento, devendo este ser previsto como uma unidade do mesmo (SANT'ANNA e ÁVILA (2006). Devido à exigência do calendário competitivo, muitas vezes organizados de maneira até negligente, alguns atletas são submetidos a uma carga de jogo muito superior ao seu limite, provocando lesões e diversos outros malefícios. Em função disso, é muito comum alguns clubes lançarem mão de técnicas que, quando bem executadas, conseguem antecipar o período de recuperação e até mesmo evitar futuras lesões.
Uma das estratégias mais usadas, inclusive antes dos jogos são os alongamentos. Segundo Almeida e Jabur (2006) alongamento é o termo usado para descrever os exercícios físicos que aumentam o comprimento das estruturas constituídas de tecidos moles e, conseqüentemente, a flexibilidade.
Os alongamentos dentre os inúmeros efeitos positivos que possuem podem auxiliar na recuperação de dores musculares ocasionadas por micro lesões e acúmulo de ácido lático (SANT’ANNA; ÁVILA, 2006). Além do mais, pode-se obter com os alongamentos a relaxação muscular, a redução de lesões de origem músculo-tendinosas, a melhor circulação sanguínea, dentro outros efeitos (GENNARI, 2002). Di Alencar e Matias (2010)ao verificarem a realização de alongamentos antes do exercício identificaram uma diminuição no pico de potência e de torque. Isso sugere que as dinâmicas de alongamento sejam diferentes antes e depois dos exercícios, mas mais pesquisas devem ser realizadas sobre esta temática.
Segundo Sant’Anna e Ávila (2006), o trote é uma corrida de baixa intensidade que auxilia na remoção do acúmulo do ácido lático. Geralmente o trote tem intensidade equivalente a uma freqüência cardíaca inferior a 20 batimentos por minuto da freqüência cardíaca de limiar. Casarin e Esteves (2010), entretanto, sugerem que em vez de trotes a recuperação regenerativa deve focar em atividades de treinamento mais direcionadas.
Indispensável em clubes profissionais de futebol a massoterapia antigamente era realizada exclusivamente por massagistas, que através de técnicas manuais propiciavam aos atletas o relaxamento e a recuperação do esforço exercido durante o jogo ou treinamento. Hoje esse trabalho normalmente é feito por fisioterapeutas com especialização em massoterapia, ou simplesmente técnicos em massoterapia.
A hidroterapia também é uma técnica bastante usada. Segundo Ruoti, Morris e Cole (2000), a finalidade de diminuir a carga sobre as articulações é diminuir ou anular quaisquer forças que possam interferir em um objetivo final. Na reabilitação de um atleta, as estruturas que serão beneficiadas são a cartilagem articular e os ossos cortical e esponjoso, bem como os ligamentos e unidades músculo-tendíneas que os protegem do torque excessivo e de forças lesivas.
Ruoti, Morris e Cole (2000) dizem ainda que o meio aquático oferece a oportunidade para prevenir e reabilitar lesões de maneira segura e funcional ao atleta. Assim ainda é possível reduzir ao mínimo a lesão e o tempo de recuperação. Isso se torna possível, pois a pressão hidrostática proporcionada pela água fornece suporte à extremidade inferior e aumento do feedback proprioceptivo. Com isso é possível um melhor controle das forças de reação de solo embora forças de cisalhamento e de compressão ainda possam surgir. De qualquer forma, o tratamento é muito mais seguro. Esta técnica consiste em uma modalidade de fisioterapia, e compreende exercícios, manipulações e mobilizações, a partir das propriedades físicas da água, particularmente empuxo (efeito de flutuação), pressão hidrostática e turbulência, assim como a densidade substancialmente distinta daquela do ar. A eficácia do tratamento é plena quando a água é aquecida a uma temperatura agradável ao paciente, na faixa de 32 a 33°C (dependendo da temperatura exterior), propiciando um padrão de relaxamento neurológico, muscular e emocional. A utilização dos princípios físicos da água em conjunto com o calor da água são responsáveis pelas respostas fisiológicas ósteo-musculares (RUOTI; MORRIS; COLE, 2000). Além das suas propriedades recuperativas, a hidroterapia ainda pode ser usada para o aprimoramento da condição cardiorrespiratória, flexibilidade, composição corporal, resistência e força muscular (BAPTISTA, 2008).
Segundo Campion (2000), entende-se por hidroterapia o tratamento pela água sob suas diversas formas e a temperaturas váriáveis. A água é um dos meios de cura, um veículo de calor ou frio para o corpo. Pode induzir processos em nível de sistema nervoso, sistema circulatório e ainda produzindo efeitos sobre a regularização do calor corporal. As reações da aplicação da água são portanto, três: nervosa, circulatória e térmica. O uso da água no tratamento de patologias constitui uma prática antiga e que até hoje continua tendo diversas aplicações. O corpo como um todo, ou parte dele, pode ser tratado em programas de reabilitação. A patologia para qual é prescrita, determina o tipo de hidroterapia usada e seu método de aplicação (CAMPION, 2000). Os efeitos terapêuticos dos exercícios são, dentre outros, o alívio das dores e do espasmo muscular; o relaxamento; a manutenção ou o aumento da amplitude de movimentação das articulações; a redução de músculos paralisados; o fortalecimento dos músculos e o desenvolvimento de sua força e resistência; a melhora das atividades funcionais da marcha; o aumento da circulação sanguínea e o reforço da moral do paciente pelas atividades recreacionais proporcionando a ele confiança para alcançar máxima independência funcional (RUOTI; MORRIS; COLE, 2000).
A hidroginástica, assim como a Hidroterapia, também é realizada na piscina, auxiliando por sua vez na remoção do ácido lático. Dentre seus efeitos positivos, propicia o relaxamento e evita impacto e sobrecarga ao corpo do atleta (SANT’ANNA; ÁVILA, 2006). Além dos seus efeitos fisiológicos, o fato de realizar trabalhos com os atletas em um ambiente diferenciado, faz com que os atletas se sintam mais motivados. Pelo fato do trabalho ser realizado no meio liquido, a recuperação de lesões ocasionadas na coluna, nos joelhos, e nos tornozelos se tornam mais fáceis de se tratar. Pode-se ainda realizar trabalhos de alongamento dentro da piscina, se beneficiando das vantagens dos dois (meio sem impacto e vantagens do alongamento).
Outra vantagem é a possibilidade de descontração e ludicidade, através de jogos recreativos e exercícios de relaxamento (SANT’ANNA; ÁVILA, 2006). Para promoção de condicionamento físico, são realizadas atividades que se utilizam da resistência da água, de modo a recuperar o atleta acometido por lesão, principalmente nos membros inferiores. Para se evitar o contato excessivo com o solo da piscina, pode-se lançar mão de coletes e outros artifícios.
Normalmente o tempo em que o atleta fica nessas condições é de 10 a 15 minutos a uma temperatura aproximada de 10 a 15 graus centígrados. Para assegurar a temperatura, é necessário um termômetro e a verificação constante das “caixas de gelo”. Para evitar choque térmico, em alguns atletas é realizada uma adaptação em água fria antes. O primeiro Clube a utilizar-se dessa técnica, comprovadamente benéfica, foi o Clube Corinthians Paulista em 2002 (SANT'ANNA; ÁVILA, 2006). Freitas et al. (2006) ainda colocam que a crioterapia é utilizada não somente na recuperação mas também na melhora da performance.
Conclusões
Conforme demonstrado acima, diversas são as possibilidades a serem usadas para a recuperação dos futebolistas após os jogos de futebol. Algumas delas exigem certo investimento, entretanto a maioria pode ser realizada por qualquer equipe, pois exigem apenas a experiência profissional de quem vai conduzir a técnica, seja um educador físico, um fisioterapeuta ou um massoterapeuta. Cabe lembrar que existem outras técnicas com mesma finalidade não mencionadas nesse artigo.
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