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quarta-feira, 2 de setembro de 2015

O estresse



Denomina-se conflito ao estado emocional, geralmente constituído pela agressividade, que se volta contra o agente frustrante. Isso acontece quando alguém se encontra entre duas necessidades de igual valor (dilema), ou quando se interpõe uma proibição.
Entende-se por angústia um tipo especial de ansiedade onde os fenômenos psicossomáticos se manifestam através de uma sensação de aperto no peito e sufocamento.
O medo, por outro lado, ocorre quando alguém está diante de uma situação real ou imaginária de perigo, com a presença de um objeto específico. O papel da antecipação é menor no medo do que na ansiedade.
A palavra fobia deriva de Phobos, deusa grega do medo. É o medo patológico, focalizado em objetos ou situações que podem ser consideradas inofensivas por outras pessoas e que persiste mesmo depois que o paciente se dá conta da irracionalidade de seu medo. Uma crise de pânico é um outro tipo de medo patológico, que se diferencia de uma crise de ansiedade aguda e medo pela sua intensidade e maneira abrupta de surgir, acompanhada de sintomas específicos.
O estresse é uma forma de vivenciar o medo e a ansiedade quando o ser vivo percebe que as demandas de uma situação excedem os recursos pessoais e sociais que aquele indivíduo é capaz de mobilizar. Em 1932, Walter Cannon estabeleceu a existência da resposta “lutar ou fugir.” Seu trabalho mostrou que quando um organismo vive um choque ou percebe uma ameaça, ele rapidamente secreta hormônios que o auxiliam a sobreviver, ajudando-o a fugir mais depressa ou lutar com mais afinco. Esses hormônios, principalmente o cortisol, aumentam a freqüência cardíaca e a pressão arterial, além de elevar a glicemia para elevar o metabolismo e incrementar a forca muscular.
Durante um evento estressante, as glândulas supra-renais aumentam a secreção de glicocorticoides, que ajudam a restaurar a calma desligando o sistema gerador de estresse. Quando o estresse é crônico, esse mecanismo pára de funcionar, o que encoraja a formação de células gordurosas, levando o paciente a procurar doces e gorduras para restaurar o estado de calma. A sudorese aumenta para refrescar o organismo que fica superaquecido. Além disso, a atenção é focalizada no elemento de perigo.
Todas essas respostas fisiológicas aumentam a capacidade de sobrevivência. Quando essas reações ocorrem dentro de um contexto, de um perigo de ameaça de vida, o estresse tem um efeito benéfico, porém, quando essas reações ocorrem cotidianamente pela frustração de objetivos ou situações que esgotam nossas capacidades, o estresse passa a ter efeitos patológicos com sintomas característicos :
1. Respostas Psicofisiológicas
Motoras:
- Hipertonia muscular = postura rígida, segura as coisas com força excessiva, tremores
- Tiques nervosos= piscar constantemente, tocando-se freqüentemente, pigarros, tamborilamento dos dedos, balançar nervoso das pernas
Autonômicas:
- Dispepsia, diaforese, pressão arterial elevada, diarréia, urinar freqüente, rubores, taquicardia e dispnéia.
Energéticas:
- Cansaço, hiperatividade, loquacidade, fala atrapalhada
- Entedia-se facilmente, falta de interesse.
Condição Médica Geral:
- Resfriados freqüentes, úlcera, doenças cardíacas, colites, hemorróidas, mialgia.

2. Respostas Emocionais
- Sobressaltos, pressa constante, irritação, impaciência, pânico fácil, suspiros, apreensivo
- Evita pessoas, fuma excessivamente, mudanças de hábitos (mais ou menos organizado), excesso de TV
- Preocupação excessiva, pensamentos obsessivos, compulsões, explosões emocionais, falta de senso de humor.
- Culpa, ciúmes, raiva.
- Insônia ou hipersônia, pesadelos
- Hiperfagia ou falta de apetite

3. Respostas Cognitivas
- Falta de memória, pouca concentração, confusão mental, hipervigilância.

4. Respostas Fisiológicas ao Estresse
Corporais:
Quando um indivíduo está perante uma situação estressante, várias respostas fisiológicas ocorrem:
1. A respiração acelera para que os pulmões assimilem mais oxigênio.
2. O fluxo sanguíneo pode aumentar em até 300%, 400%, para aumentar a circulação nos músculos, pulmões e cérebro.

Imunológicas:
1. Os hormônios esteróides abafam parte da resposta imunológica, para que os elementos de defesa (células vermelhas, leucócitos e moléculas imunes) possam ser redistribuídos.
2. Esses elementos de defesa são enviados para os locais onde lesão ou infecção são mais prováveis (pele, medula óssea e nódulos linfáticos).

Garganta e pescoço:
Os fluidos corporais são divergidos das áreas onde não são tão necessárias, incluindo a boca. Isso causa boca seca e dificuldade para falar. Além disso, o estresse pode ocasionar espasmos dos músculos do pescoço, causando dificuldades na deglutição.

Pele:
Os efeitos do estresse divergem o sangue da pele para os músculos e coração. Um espasmo do couro cabeludo pode fazer com que os pelos fiquem eriçados.

Metabolismo:
O estresse diminui a capacidade absortiva do sistema digestivo, considerado não essencial para a luta ou fuga.

5. Resposta Relaxante, a resolução do estresse agudo:
Uma vez passado o perigo, os hormônios do estresse diminuem, o que diminui também a reação dos outros sistemas. Como pode ser visto, a resposta psicofisiológica depende de uma alteração de neurotransmissores, principalmente uma redução dos novéis de serotonina, causando raiva e depressão, ao passo que a resposta corporal depende de hormônios.

Conseqüências Clínicas do Estresse
Cardíacas: O estresse, tanto corporal quanto mental, pode desencadear uma angina do peito. Quando o indivíduo já é cardiopata, esse risco aumenta. A hiperatividade simpática pode produzir vários efeitos danosos como: vasoconstrição das coronárias; arritmias cardíacas; aumento do colesterol; aumento dos níveis de estrogênio, causando maior risco em mulheres para cardiopatias; o estresse também provoca hipertensão arterial.
Acidente Vascular Cerebral: Estudos indicam que o estresse aumenta a possibilidade de acidentes vasculares cerebrais, principalmente pela elevação da pressão arterial.
Infecções: A reação do estresse abafa a reação imunológica, aumentando a vulnerabilidade para resfriados, herpes ou HIV. Outro trabalho, no NIH, apontou relações entre estresse e o sistema imunológico. Nesses casos, existe um embotamento da resposta imunológica, que torna a pessoa mais susceptível a doenças.
Sistema Digestivo: Vários problemas digestivos podem ocorrer em decorrência do estresse: síndrome do cólon irritável; úlcera péptica; doença de Crohn e colite ulcerativa.
Estresse e Alimentação: Um trabalho recente, publicado no Journal of international of Obesity, examinou 7.000 mulheres e 2.000 homens com idades entre 40-60 anos, habitantes de Helsinki. Um quarto das mulheres e 19% dos homens relatou ganho de peso. Entre as mulheres, uma insatisfação de trabalhar e cuidar dos afazeres domésticos estavam associados com ganho de peso. Entre os homens, aqueles com empregos de alta demanda ganharam mais peso do que aqueles com empregos menos estressantes.

Um estudo da Mayo Clinic Foundation estabeleceu uma relação entre apetite e estado de humor.
Pessoas estressadas tendem a consumir alimentos insalubres, como carboidratos, gorduras e comidas salgadas, que causam aumento do peso e risco de doença cardiovascular. Esses alimentos funcionam com propriedades viciantes, que aumentam os opiácios cerebrais, relacionados com o aumento do humor e prazer.
Memória, concentração e aprendizagem: Estudos mostram que o cortisol cronicamente liberado causa atrofia do hipocampo, especialmente danoso para crianças em fase de desenvolvimento. Estudos com pacientes sofredores de estresse pós-traumático também tiveram um índice de 8% de atrofia do hipocampo. Num outro trabalho, pacientes em uso de cortisol (o hormônio principal do estresse), demonstraram deficiências de memória, assim como outros sujeitos a estresse agudo.
Diabete: O estresse crônico tem sido associado à insulino-resistência, um fator primário na diabete. Além disso, pacientes diabéticos sujeitos ao estresse pioram seu quadro.
Transtornos do Sono: O estresse é causa freqüente de insônia, principalmente da forma intermediária e precoce.
Disfunções Sexuais: Em mulheres, o estresse pode causar diminuição do desejo e dificuldade com o orgasmo. Em homens, pode haver impotência por vasoconstrição peniana. Mulheres podem adquirir síndrome pré-menstrual em decorrência do estresse e alguns estudos indicam diminuição da fertilidade.

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