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sábado, 28 de agosto de 2010

Terapias Holísticas no esporte


Ante preconceito, terapia holística promete acelerar recuperação
Tratamento do atleta em todas as esferas pode facilitar retorno às atividades

Que tal reduzir o período de recuperação de uma lesão em até dois terços, além de ter um reforço psicológico para o momento de retornar aos gramados? A idéia pode parecer totalmente irreal para alguns atletas, mas é isso que faz Daniel Escouto, especialista em terapia holística que trabalha no Rio de Janeiro. O profissional aplica técnicas alternativas de tratamento de lesões, como terapia auricular e moxabustão, em uma atividade interdisciplinar com a fisioterapia. Assim, garante uma recuperação mais eficaz e rápida para os atletas que o procuram.

Entretanto, Escouto ainda vê um grande preconceito contra a terapia holística no mundo do futebol. O profissional chegou ao esporte por meio de lutadores de jiu-jitsu e ainda não encontrou uma brecha para incutir suas técnicas na preparação para o esporte mais popular do país. "Durante alguns anos, quando ele ainda estava no Rio de Janeiro, eu tentei chegar ao Edmundo para fazer um tratamento com ele. E nunca consegui um contato! Eu cheguei à Lavínia Vlasak [atriz de TV que atualmente está na Record], mas não nele. Isso mostra que o esporte ainda tem um certo receio", lamentou.

Enquanto tenta derrubar o preconceito oriundo dos profissionais do futebol, Escouto trabalha com atletas esporádicos dessa modalidade. "Afinal, trata-se do esporte mais popular do país. Ainda mais no Rio de Janeiro, com tantas praias, quase todo mundo pratica", ponderou. Mas também atende a praticantes de outras áreas esportivas: "Tenho muito contato com lutadores de jiu-jitsu, que foram os responsáveis pelo início do meu trabalho com esporte, e também com surfistas e jogadores de futsal".

O contato entre Escouto e o esporte começou devido à carência dos lutadores de jiu-jitsu. "Eu trabalhei com o namorado de uma amiga minha e depois fiquei um ano estudando as formas de terapias alternativas que poderiam ser aplicadas ao esporte. O problema é que os praticantes de artes marciais, principalmente, sofrem lesões de manhã, procuram meus serviços ao meio-dia e querem treinar à tarde. Então, tentei encontrar meios de acelerar esse processo", contou o terapeuta.

O grande segredo para a redução do período de recuperação de lesões, segundo Escouto, é atacar o problema a partir de vários focos: "O trabalho é feito em conjunto com a fisioterapia tradicional e com um professor de educação física. E o intuito da terapia holística é trabalhar a pessoa como um todo. Então, ao mesmo tempo em que eu posso fazer uma massagem linfática, posso conversar com a pessoa e atacar seu psicológico".

Aliás, o lado emocional é uma das principais preocupações que Escouto enxerga nos jogadores de futebol. "Até por ser o esporte mais popular do país e por gerar muito interesse, os atletas sofrem uma pressão muito grande. E em geral, isso só é trabalhado quando o problema chega a um limite extremo. O que eu procuro fazer é aliviar essa tensão a partir de técnicas como a massoterapia, mas também com muita conversa. Às vezes, vemos lesões musculares que não apresentam hematomas e têm fundo totalmente emocional, por excesso de carga retesada", destacou.

As técnicas utilizadas por Escouto vão desde a massagem, algo até certo ponto tradicional nos clubes de futebol, até coisas inusitadas como a terapia auricular. Essa técnica é baseada na colocação de pequenas esferas, que podem ser de cristal, ouro ou prata, no pavilhão do ouvido. Essas bolinhas ativam as terminações nervosas presentes no local e acabam sedando, tonificando ou descongestionando as áreas tratadas.

"Existem duas correntes de terapia auricular, que são a francesa e a chinesa. Eu sigo as idéias chinesas e vejo essa técnica como um bom caminho para podermos mexer com o corpo do paciente e ativar algumas terminações nervosas", classificou Escouto.

Com tantas possibilidades de tratamentos, Escouto garante que pode acelerar o processo de recuperação de atletas em casos de lesões. "O retorno dele às atividades acontece em até dois terços do tempo normal, até porque ele não deixa de fazer o tratamento convencional também", lembrou o terapeuta.

Entretanto, as técnicas alternativas de tratamento não são indicadas pelo profissional apenas em caso de lesão. Escouto avisa que isso também pode ser aplicado para prevenção e garantia de uma estabilidade física e emocional. "A massoterapia, por exemplo, pode ser aplicada apenas para aliviar a tensão e não deixar que isso se transforme em um problema", concluiu.


Guilherme Costa

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