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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Cuide dos seus pés



Instrumento de trabalho dos corredores, os pés são os que mais sofrem com a prática desse esporte, e não por acaso. São eles que dão sustentação ao corpo e padecem com o impacto no chão. Para que se tenha uma ideia, cada um deles bate contra o solo mais ou menos 15 000 vezes a cada 16 k corridos, com uma força que chega a quatro vezes o peso do corpo. Não é à toa, portanto, que fiquem doloridos e frequentemente sejam acometidos por lesões. Mas, por mais que sejam essenci­ais para quem pratica o esporte, são poucos os que se preocupam com possíveis machucados. "Os pés são muito maltratados. Às vezes, até esquecemos que existem", brinca Flávio Freire, diretor-técnico da Flávio Freire Assessoria Esportiva, em São Paulo.

De acordo com Ana Paula Simões, ortopedista especializada em pés da Taktos Medicina Esportiva, as lesões geralmente ocorrem por falha no treinamento, por condicionamento físico inadequado, técnica de corrida ou pisada er­­­­radas, que podem levar o atleta a forçar um dos membros mais que o ou­­­tro, e uso de tênis ruins (leia ao lado). "Treinos em pisos rígidos também são uma das causas de lesões", comenta.

Freire explica que os exercícios de fortaleci­mento são essenciais para que o atleta não te­nha problemas futuros. O treinador dá uma sugestão: andar descalço por algum tempo. "É bom ca­minhar com o pé no chão de vez em quando, porque o uso de calçado faz com que ele fi­que acostumado e acomodado, o que não proporciona o seu fortalecimento", lembra. Uma das maneiras de prevenir dores e possíveis lesões é fazer uma avaliação médica antes de começar a praticar o esporte e manter um acompanhamento durante a corrida. "Procurar uma equipe ou personal para orientar o treino é uma ótima saída para evitar complicações", salienta Ana Paula.


Outra dica é fazer um teste para saber o tipo de pé que você tem. "A avaliação é a garantia da escolha de um calçado adequado, também responsável por parte das lesões que afetam os pés", recomenda o fisioterapeuta Nelson Morini Junior, dono da clínica Reactive, de São Paulo.
Mas fique atento: se você machucou o pé e a dor for intensa ou persistir por muito tempo, procure um especialista. "É sempre importante buscar ajuda. Adotar uma solução caseira pode piorar o problema, já que a dor corre o risco de ser mascarada", indica o especialista. "Se você sente dor, é porque algo está errado e passar pelo médico não pode ser substituído por nenhum tratamento popular", alerta o fisioterapeuta.

Os especialistas afirmam que os corredores tendem a ser "teimosos" e a evitar a ajuda médica para não terem de interromper o treino. Se for preciso parar por um tempo, pare, e procure alternativas para não perder o condicionamento.
"Enquanto a lesão não estiver curada, pode-se recorrer a outros exercícios, como aqueles que utilizam a água, pois, assim, o impacto diminui e a forma física do atleta é mantida", aconselha Freire. Alongar, fazer exercícios que esquentem a musculatura e, principalmente, não exagerar nos treinamentos também são atitudes preventivas que evitam muitos dos problemas nos pés.

Higiene é fundamental
São poucos os que sabem que desprezar alguns hábitos considerados banais podem trazer problemas para essa região do corpo. É o caso, por exemplo, da falta de preocupação com a higiene. Como os pés ficam cobertos na maior parte do dia, os fungos encontram ali um ambiente ideal para proliferarem. Por isso, é preciso secá-los bem para que as incômodas micoses não comecem a aparecer.
"Os fungos crescem em lugares úmidos, quen­tes e escuros, como o tênis", comenta Alessandro Guerra, coordenador-técnico da rede Doc­tor Feet. O podólogo dá uma dica a quem so­fre com o problema: "Passe talco, pois é uma forma de diminuir a umidade."

Outra situação recorrente para quem corre é a unha encravada. Geralmente, ela aparece quan­do o corte é feito de maneira errada. Elas começam a ficar mais curvas e uma calosi­dade acaba por se formar no local. Pronto! É só a unha encostar nessa região sensibilizada pa­ra que as dores comecem. "É preciso acertar o tamanho da unha, mas não há um mode­lo certo de corte. Varia de pessoa para pessoa", comenta o treinador Freire.

O calo também é uma preocupação constante de quem corre. Ele é resultado do atrito contra o tênis e da pressão que os membros sofrem. Para evitá-lo, basta inibir as causas, utilizando produtos feitos com silicone, por exemplo.   

Mas o que geralmente tira o sono dos corredores são as bolhas. Alguns atletas de longa distância chegam a cruzar a linha de chegada com os pés em "chamas" e "pelados", quer dizer, sem parte da pele que cobre a sola. A melhor maneira de evitá-las é usar tênis confortáveis e que garantem proteção às deformidades e saliências ósseas do pé – lugares onde elas costumam aparecer. E, claro, proteger essas regiões mais delicadas e propensas a bolhas com um esparadrapo, por exemplo.

Não esqueça de dar atenção às meias. Evite as que possuem costura, que são feitas de náilon, um material mais abrasivo, e hidrate os pés. "O corredor que toma água adequadamente tem uma maior hidratação nos pés, mas quando há alguma fissura pelo fato de a pele estar mais sensível, é preciso reforçar a hidratação", revela Guerra. Jamais use tênis novos em uma competição. O calçado tem de ser lasseado nos treinos. Usar tênis "duros" em uma prova é praticamente garantia de bolhas.

Mesmo tomando todos os cuidados, certas vezes, elas insistem em aparecer. Nesse caso, o recomendável é que você estoure a bolha utilizando uma agulha esterilizada e pressione até que saia todo o líquido. Nunca, de maneira alguma, retire a pele. Ela protege o pé contra a entrada de bactérias. "Se ela não for estourada, pode ocorrer um acidente no meio da prova e você não conseguirá terminar a competição. As bolhas de sangue, que algumas vezes se formam, podem trazer ainda mais risco para o atleta", comenta Freire.

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