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domingo, 15 de maio de 2011

Equilíbrio mental no esporte



Grandes nomes do esporte brasileiro, como os astros do basquete Magic Paula e Oscar Schmidt, contam a importância que o preparo mental teve em suas carreiras

Magic Paula
Maria Paula Gonçalves da Silva é um dos nomes mais importantes do basquete feminino brasileiro. Ao longo de seus 30 anos de carreira, foi uma das responsáveis pela popularização do esporte, graças a conquistas antológicas, como a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 1991, em Havana (Cuba), e o Campeonato Mundial de 1994, disputado na Austrália.

Não dá para separar
“Mente e corpo são indissociáveis, não importa se você é atleta ou não. Em nossas vidas, muitos dos problemas físicos que enfrentamos estão ligados a causas psicológicas ou emocionais. Em termos de preparação mental para atletas, o Brasil infelizmente ainda está anos-luz atrás de outros países. Muitas equipes encaram a questão com preconceito. Eu mesma só fui ter contato com técnicas de mentalização e respiração no final da minha carreira, graças a um preparador físico mais eclético. E apesar de ter começado a aplicá-las na prática esportiva de maneira tardia, foi algo importante para mim, eu sentia os resultados.

Creio que só o tempo é que dá a dimensão da importância do preparo mental. Quando você é muito jovem, tende a achar que só a parte física é importante. Mas não é difícil ver um jovem atleta com uma postura apática durante o jogo. Provavelmente, é resultado do excesso de ansiedade ou zelo, que acaba gerando certos reflexos no corpo.

Aprender a ter controle sobre o comportamento mental é algo importante para todos nós. Quando perdemos esse controle, fatalmente acabamos falando ou agindo de certas maneiras que nos afetam negativamente”.


Wilhelm Schürman
Ele tinha apenas sete anos de idade quando sua família embarcou num veleiro para navegar ao redor do mundo. Foi o único dos filhos do casal Vilfredo e Heloísa que permaneceu a bordo durante todo o período de dez anos que durou a aventura. De volta ao Brasil, tornou-se atleta profissional de windsurf. Desde então, foi sete vezes campeão brasileiro, duas vezes campeão sul-americano e vice-campeão mundial.

Vantagens da preparação
“Acho que o preparo mental de um atleta vem com a experiência. No começo de minha trajetória, eu ficava muito tenso em competições importantes. Com o passar do tempo, passei a conseguir me concentrar mais. Vejo muito isso em atletas novos. Eles podem até ser mais rápidos durante os treinos, mas em competições esse cenário muda e é justamente quem está melhor preparado mentalmente que leva vantagem. Várias vezes conquistei títulos importantes, em que venci no último dia por estar com a atitude mental positiva. Graças a isso, superei obstáculos que às vezes pareciam ser impossíveis.

Cada atleta tem a sua maneira pessoal de se preparar e não existe uma regra específica. O importante é haver um equilíbrio, pois corpo e mente são fundamentais. Você pode estar bem preparado fisicamente, mas se não tiver a mente em ‘competition mode’, como chamamos, não terá 100% de rendimento. E o inverso também acontece.

Acredito que, com a mentalidade vencedora, é possível superar grandes e pequenos obstáculos no cotidiano. É possível aplicá-la em tudo o que você faz. Sem dúvida, as conquistas serão gratificantes e os desafios facilmente superados”.


Oscar Schmidt
O ex-jogador de basquete é um dos maiores ídolos do esporte nacional, tendo conquistado uma infinidade de títulos, como a histórica medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 1987, em Indianápolis (EUA). Os quase 50 mil pontos convertidos nos mais de 1,6 mil jogos que disputou lhe valeram o merecido apelido de “Mão Santa”.

É possível superar até a dor
“Já errei arremessos de lance livre no finalzinho do jogo por estar confiante demais. E quando acertei foi devido ao fato de estar totalmente concentrado naquele momento. Para um atleta, a mente é tão importante quanto o corpo. Um bom exemplo disso é quando você está machucado e, de alguma maneira, sua cabeça faz com que você supere a dor e jogue assim mesmo. Ou seja, o atleta tem que estar preparado mentalmente o tempo todo, para qualquer treino, para qualquer jogo, para qualquer torneio. Esse tipo de atitude funcionou bem para mim no esporte. Se alguém achar que o meu exemplo é bem-vindo, ótimo. Mas é importante que cada um encontre seu próprio equilíbrio, seja na prática esportiva, seja no dia a dia”.

Texto • Daniel John Furuno

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