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quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Tendinite dos Adutores do Quadril



Os adutores são um conjunto de músculos que se estendem pela face interna da coxa, desde a virilha até ao joelho. Este grupo muscular é composto por cinco músculos, que são divididos em adutores curtos e longos. O pectíneo, o adutor curto e o adutor longo vão desde a pélvis até ao fémur e por isso são denominadas adutores curtos. O adutor magno e o gracilis vão desde a pélvis até à face interna do joelho e por isso são denominados adutores longos.
A principal função dos adutores é puxar os membros inferiores para a linha média, um movimento chamado de adução. Durante a marcha, eles são ativados para puxar o membro inferior oscilante para o centro de forma a manter o equilíbrio. Também são usados extensivamente na corrida, futebol, corrida de obstáculos e qualquer desporto que exija mudanças rápidas de direção.

A tendinopatia dos adutores da coxa é uma lesão comum em atletas, causada por pequenas lesões (conhecidas como microrupturas) associadas ao uso excessivo do tendão. Se, depois de cada microrupturas, não for dado tempo de recuperação suficiente, o tendão não se restabelece na totalidade. Isto significa que ao longo do tempo, os danos no tendão vão-se acumulando, podendo dar origem a uma tendinopatia dos adutores da coxa.

Estas lesões são mais frequentes no tendão do longo adutor, próximo à sua inserção na pélvis. Em alguns casos, a inflamação pode alastrar-se à sinfíse púbica e à inserção dos abdominais.

Caso continue a forçar em demasiado este grupo muscular, mesmo após os primeiros sintomas, existe a possibilidade de a condição evoluir para uma ruptura da unidade músculo-tendão dos adutores, tornando o prognóstico de recuperação bastante pior.
Sinais e sintomas/ Diagnóstico
Dor na virilha, na inserção dos músculos adutores, que pode irradiar para a perna.
Dor no movimento de adução resistida (puxar a perna para dentro)
Dor à palpação da inserção dos adutores, próximo à pélvis.
Dificuldade em correr, especialmente em sprints e em mudanças de direcção.
Uma boa avaliação, incluindo uma história clínica e exame atento da sínfise púbica e coxa são geralmente suficientes para diagnosticar uma tendinopatia dos adutores da coxa. A ressonância magnética ou o ultrassom auxiliam o diagnóstico.
Tratamento
Uma vez que a tendinopatia dos adutores da coxa é uma das lesões tendinosas com maior risco de se tornar crônica, é imperativo que o tratamento comece logo que os primeiros sintomas são sentidos. O tratamento deverá incluir:
Descanso: Evite as atividades que originaram a dor. Por norma são aconselhados 5 dias de repouso até recomeçar com alguma atividade física suave.
Gelo: Aplique uma compressa de gelo na área lesada, colocando uma toalha fina entre o gelo e a pele. Use o gelo por 20 minutos e depois espere pelo menos 40 minutos antes de aplicar gelo novamente. Deve ser utilizado apenas na fase inflamatória (os primeiros 2-3 dias)
Analgésicos e anti-inflamatórios não-esteroides poderão ser receitados pelo médico para controlar o processo inflamatório e aliviar as dores.
O tratamento em fisioterapia é fundamental para a boa recuperação do tendão, que pode demorar até 6 meses numa lesão crônica, e deve envolver:
Alongamentos suaves dos músculos adutores são muito importantes e deverão ser repetidos 3 a 5 vezes por dia. Poderão ser iniciados após o 2º dia, desde que não provoquem dor.
Exercícios de fortalecimento muscular progressivo do quadricípite, abdutores e principalmente dos adutores. Iniciar entre o 3º e o 5º dia com exercícios estáticos, e, desde que não cause dor, progredir para exercícios dinâmicos.
A aplicação de calor antes dos exercícios para aumentar a irrigação sanguínea e de gelo no final para prevenir sinais inflamatórios.
Massagem transversal profunda em dias alternados poderá estimular a reorganização das fibras do tendão.
Na última fase do tratamento deve ser introduzida a reeducação do gesto desportivo. Assim que não tiver dor ou inchaço e tiver uma amplitude de movimento e força iguais em ambos os membros inferiores poderá reiniciar a sua atividade. É natural que nos primeiros dias sinta desconforto na virilha no final do treino/trabalho, no entanto, se os sintomas não tiverem passado no dia seguinte, deve reduzir a intensidade da atividade.
Depois da reintrodução à atividade alguns alongamentos e exercícios de fortalecimento devem ser mantidos para prevenir recidivas.
Tratamento Cirúrgico
É tido como um último recurso, em parte por existir pouca evidência convincente para apoiar o uso da cirurgia em vez do tratamento conservador. A cirurgia consiste na remoção da área afetada do tendão, ou na execução de pequenos cortes nas laterais do tendão, com o intuito de diminuir a tensão sobre o seu terço médio.

Um programa intensivo de reabilitação é normalmente recomendado após a cirurgia. A utilização de exercícios de fortalecimento muscular excêntrico pode ajudar a estimular a recuperação do tendão.

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