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sexta-feira, 31 de maio de 2013

ÁCIDO LÁCTICO E LACTATO




O ácido láctico ou lático participa de vários processos bioquímicos, e o lactato é o sal deste ácido. 



O que é Lactato ?
Lactato é um composto orgânico produzido naturalmente no corpo humano e também utilizado como fonte de energia para atividades físicas em gerais. O lactato é encontrado nos músculos, no sangue, e em vários órgãos. A presença de lactato é necessária para que o corpo funcione propriamente.

De onde vem o Lactato?
A principal fonte de produção de lactato é a quebra de carboidratos chamados de glicogênio. Glicogênio se quebra em uma substância chamada piruvato e produz energia. Geralmente esse processo é referido como Energia Anaeróbia devido a não utilização de Oxigênio. Quando piruvato se quebra ainda mais, esse processo produz ainda mais energia. Esta energia é chamada de energia aeróbia devido a utilização do Oxigênio. Se o piruvato não se quebra, este geralmente é transformado em lactato.

Por que Lactato é produzido ?
Quando o piruvato é produzido, as células musculares tentam utilizá-lo como energia aeróbia. Porém, se as células não são capazes de utilizar todo o piruvato produzido, este se transforma quimicamente em lactato.
Algumas células possuem grande capacidade de utilização de piruvato para energia aeróbia enquanto outras possuem uma capacidade limitada. Com o treinamento, as células musculares são capazes de se adaptar a uma maior utilização de piruvato e menor produção de lactato.

Quando Lactato é produzido ?
O lactato está presente no corpo humano quando em repouso, e também durante nossas atividades diárias, apesar de serem níveis muito baixos. Enquanto você lê este documento, o lactato está sendo produzido. 
Porém, quando a atividade física aumenta em intensidade, também aumenta a produção de piruvato de forma rápida. Devido a sua rápida produção, nem toda a quantidade de piruvato pode ser utilizada para energia aeróbia. 
O excesso de piruvato então transforma-se em lactato. Está é uma das razões porque lactato é um importante indicador de treinamento. Quando lactato é produzido, isto é uma indicação de que a energia aeróbia está sendo limitada durante a atividade.
Quanto mais intensa for a atividade, maior será a produção de lactato. Um maior número de fibras musculares são recrutadas. A maioria dessas fibras não são utilizadas durante repouso ou atividade física leve. Muitas dessas fibras também são fibras de contrações rápidas que não tem a capacidade de utilizar piruvato a mesma proporção que o mesmo é produzido e, portanto, grande quantidade de piruvato acaba sendo transformado em lactato.

Produção e operacionalidade
É produzido nos músculos a partir do ácido pirúvico, durante exercícios vigorosos, produzindo dores musculares 
ou cãibras.
Respiramos mais depressa durante um exercício muscular, porque consumimos mais oxigênio. Nossos músculos, porém, são dotados de um mecanismo que garante a continuação do esforço, mesmo na ausência do oxigênio: a respiração anaeróbia, onde a glicose se decompõe na ausência do gás oxigênio, reproduzindo ácido lático.Quanto maior a atividade muscular, mais ácido lático se acumula no músculo, tornando-o fatigado e incapaz de contrair-se, produzindo cansaço e até cãibras.
A acumulação de ácido láctico no corpo é designada por acidose láctica

Para onde vai o Lactato ?
O lactato é uma substancia dinâmica. Inicialmente quando é produzido, o lactato tem a tendência de sair do músculo onde se encontra, e acaba entrando em outros músculos vizinhos, na corrente sanguínea, ou no espaço entre células musculares contendo uma menor concentração de lactato. O mesmo pode rumar para outros músculos ou até em algum outro lugar no corpo.

Quando o lactato é recebido em um músculo qualquer provavelmente será transformado novamente em piruvato 
para ser utilizado como energia aeróbia. O treinamento aumenta a produção das enzimas que são responsáveis pela conversão de lactato em piruvato e vice-versa. O lactato pode ser utilizado como combustível pelo coração, e também pode ser convertido novamente em glucose e glicogênio no fígado. O lactato pode se mover rapidamente de uma parte do corpo para outra. Há algumas evidências em que certas quantidades de lactato podem também ser transformadas em glicogênio nos próprios músculos.
Normalmente, os músculos que tem a capacidade de utilizar piruvato como fonte de energia, buscam o mesmo na reserva armazenada pelo próprio músculo. O lactato pode também ser transportado pela corrente sanguínea aos músculos relativamente inativos, como os braços de um corredor.

O Lactato é nocivo ?
Sim e não, predominantemente não. Quando o lactato é produzido nos músculos, íons de hidrogênio também são produzidos em excesso. Se houver um grande acúmulo destes íons, o músculo torna-se ácido, causando problemas nas contrações musculares durante exercício físico. Atletas descrevem este fenômeno como uma sensação de "queimação" ou "endurecimento" assim como uma redução no nível de performance. A grande maioria destes íons de hidrogênio são produzidos juntos com o lactato, e na verdade o lactato não causa fadiga muscular, mas sim o aumento do nível de acidez muscular.
Apesar de não ser uma sensação agradável para o atleta, a "queimação" ou "endurecimento" são mecanismos de defesa contra a danificações musculares. Altos níveis de acidez podem danificar as fibras musculares de forma séria. Também existem algumas especulações de que o "overtraining" é causado por constantes treinamentos que produzem altos níveis de acidez.

Deve o atleta se interessar por Lactato?
Sem dúvida por duas razões:
Primeiro, se um atleta conseguir reduzir a produção de lactato ou reduzir o período necessário para eliminação do mesmo, ele também reduzira a produção e eliminação dos íons de hidrogênio que afetam o nível de performance muscular. Recentes pesquisas indicam que apesar de reduzir a produção do lactato ser um fator importante, talvez mais importante ainda seja o fator da redução do período necessário para "remover" o lactato dos músculos. Quando o atleta está bem treinado, o corpo se torna capaz de transporta ro lactato produzido para um outro local qualquer, e diminuindo assim o problema de alta concentração de lactato no mesmo músculo. Isto quer dizer que o atleta será capaz de manter um alto nível de intensidade por mais tempo se o corpo está treinado a "remover" o lactato de forma rápida.

Segundo, em eventos em que a duração é menor de dez minutos (natação - velocidade e meio-fundo, remo,atletismo, ciclismo - alta velocidade, e muitas provas de corrida), a habilidade de produzir grandes quantidades de energia na parte final destes eventos é crítica para o desempenho de alto nível. A presença de lactato no sangue indica o nível de energia que está sendo produzida. Portanto uma das maneiras mais efetivas para se testar o nível de energia que o atleta é capaz de produzir na parte final de um certo evento, é medir a quantidade de lactato no sangue depois de um esforço máximo. Quanto mais alto, melhor.

O que significa o termo "remoção" ?
O termo "remoção" pode ser utilizado para descrever os efeitos de dois processos diferentes mas interligados. Primeiro, o termo "remoção" é utilizado como referência ao processo pelo qual o lactato é removido dos músculos. Evidências desse fator podem ser vista pelo aumento dos níveis de lactato no sangue quando o mesmo abandona o músculo onde foi produzido. Esse processo é também esperado considerando-se que lactato se direciona partindo de áreas de alta concentração do mesmo, para áreas de menor concentração.

Segundo, o termo "remoção" também refere-se a remoção do lactato da corrente sanguínea. Este processo é também chamado de desaparecimento do lactato. Quando o lactato é observado no sangue do atleta, o técnico está, na realidade, observando uma combinação dos processos de produção e remoção. Durante um "estado de equilíbrio", a produção e remoção do lactato se cancelam, e portanto não há acúmulo. A limpeza do lactato do sangue auxilia na limpeza de lactato nos músculos, os quais são os mais afetados. Este é um dos conceitos mais importantes para o treinamento.

O que significa o "estado de equilíbrio" ?
Quando o atleta pratica um certo exercício a um ritmo e velocidade constantes por um longo período de tempo, o mesmo atleta está realizando um treinamento em estado de equilíbrio. Os níveis de lactato durante este período podem flutuar um pouco no início da atividade, mas eventualmente se equilibram em um nível constante. 
Alguns técnicos definem treinamento em "estado de equilíbrio" como aqueles em que o batimento cardíaco é constante. O máximo estado de equilíbrio em velocidade ou esforço que produz um nível fixo de lactato é chamado de Limiar Lático. 

O que representam os níveis de Lactato para o atleta? 
O acompanhamento dos níveis de lactato possuem duas utilizações de alta importância:

Primeiramente, o lactato é um dos melhores indicadores da evolução do treinamento. Existem três áreas de importância em que a análise do lactato assume grande relevância.

SISTEMA AERÓBIO - Uma das melhores medidas do sistema aeróbio é a velocidade ou esforço físico no nível de Limiar Lático. Um outro método é utilizar um ponto fixo de referência como 4 MMOL/L de lactato.
Alguns programas medem o esforço e velocidade necessários para se produzir 4 MMOL/L, mantendo um controle freqüente dos resultados. Quanto maior a velocidade ou esforço necessário para se produzir o mesmo nível de lactato, mais eficiente se torna o sistema aeróbio.

SISTEMA ANAERÓBIO - Níveis máximos de lactato tem sido aceitos como a medida da quantidade de energia sendo produzida pelo sistema anaeróbio. Quando um atleta executa certa atividade à um esforço máximo, grandes quantidades de lactato são produzidas. Em condições iguais, quanto mais treinado é o sistema anaeróbio, maiores os níveis de lactato produzidos em um esforço máximo. 

Por exemplo, se o atleta consegue aumentar a quantidade de lactato produzida sob um esforço máximo de 10 MMOL/L para 13 MMOL/L, considerando condições iguais, o mesmo atleta será capaz de completar uma certa distância em tempo menor.

RELAÇÃO ENTRE OS SISTEMAS AERÓBIO E ANAERÓBIO - Também considerada como medida importante porém menos utilizada como indicador de adaptações atléticas. A maneira mais eficiente para análise dessa relação é um teste físico gradual. Este é descrito pela razão de acúmulo de lactato no sangue em relação a intensidade do exercício. Dependendo do esporte ou evento, esta medida pode ser tão importante quanto as duas anteriores: dois atletas podem produzir níveis de lactato em razões diferentes quando a intensidade do esforço físico é elevada gradualmente. Em eventos ou esportes que requerem abundante participação do sistema anaeróbio, quanto mais lenta a acumulação de lactato, melhor a performance. Se dois atletas apresentam resultados similares nos testes dos sistemas aeróbio e anaeróbio, mas também apresentam consideráveis diferenças na razão de acúmulo de lactato, os mesmos atletas produzirão resultados diferentes. O atleta que possui uma tendência de lento acúmulo apresentará melhores resultados

Segundo, O lactato é a melhor medida de intensidade de treinamento. A presença de lactato no sangue é uma indicação de que o sistema aeróbio não está sendo capaz de suportar a demanda de energia necessária para se completar a atividade. O objetivo do técnico é que o treinamento produza o stress necessário no metabolismo, nem acima e nem abaixo. Similarmente, se o objetivo é o treinamento do sistema anaeróbio, a quantidade de lactato produzida é indicativa do sucesso do treinamento ou série específica.

O que é o Limiar Anaeróbico e como ele é relacionado com o lactato?
Está foi e ainda é uma área de certa controvérsia. Não há um claro consenso sobre o que este termo significa e muitos cientistas esportivos preferem eliminar este termo em geral. Porém, o termo é ainda regularmente utilizado por técnicos, livros sobre treinamento e por alguns cientistas esportivos. Se há uma falta de concordância na terminologia, há pouca discordância nos conceitos de treinamento associado com tal terminologia.Inicialmente, alguns cientistas esportivos pensavam que houvesse um ponto de esforço onde o corpo passasse a utilizar energia anaeróbia. Este ponto correspondia a uma repentina mudança nos padrões de consumo de oxigênio comparado com a produção de dióxido de carbono assim como rápida acumulação de lactato no sangue. 

O motivo para este rápido acúmulo é a maior utilização do sistema anaeróbio devido à falta de oxigênio. 
Portanto este ponto foi chamado de Limiar Anaeróbio. Atualmente, muitos cientistas preferem não utilizar o termo Limiar Anaeróbio. Já que isto pouco se deve a uma possível redução de oxigênio. Muitos cientistas tem utilizado termos diferentes como "Limiar Lático" ou "Início da Acumulação de Lactato no Sangue". Porém, o termo Limiar Anaeróbio continua sendo o termo favorito utilizado por técnicos e atletas. A abreviação LA (Limiar Anaeróbio) tem se tornado parte integral da terminologia de treinamento.

O termo Limiar Anaeróbio é utilizado para descrever o fenômeno que ocorre com todos os atletas - sendo o máximo esforço ou velocidade em que se produz um nível constante de lactato no sangue. Qualquer aumento acima deste nível tanto em velocidade ou esforço, causará um aumento continuo do lactato ou ácido lático, o que pode eventualmente causar o atleta a encerrar a atividade. A eventual cessação da atividade dependerá do evento ou tipo de atividade, tipo do atleta (força e resistência) e condicionamento.

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