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quarta-feira, 14 de julho de 2010

Pulseira magnética pode melhorar desempenho de atletas


Usuários do artefato dizem que objeto propicia mais força, equilíbrio e flexibilidade a quem o usa. Super Esportes realizou testes para comprovar os efeitos

Mesmo no auge do treinamento de base — período de máxima exploração da elasticidade e da força —, o ginasta Aldo Pereira Gonçalo, 12 anos, não conseguia fazer a abertura lateral por completo. Concluir o movimento corresponde a deixar a infância e entrar na adolescência da modalidade. Porém, por mais que tentasse e o técnico dele insistisse, Aldo sempre parava a 20cm do chão.

De surpresa, o Super Esportes levou ao treino uma pulseira de borracha preta, com uma peça metálica incrustada. O aparato fora apresentado duas semanas antes, pelo velejador Lars Grael, herói olímpico brasileiro. Lars, então, afirmara convicto que a pulseira EFX é capaz de propiciar a quem a usa maior capacidade de flexibilidade e equilíbrio.

“Espera, aí! Essa pulseirinha aumenta a flexibilidade? Essa eu quero ver...”, desdenhou o técnico Carlos Augusto Bezerra, o Carlinhos do Setor Leste. “Vamos testar com o cara mais duro que tenho. Baiano, chega aqui!”, convocou o treinador. Aldo, o Baiano, foi. “Faça um espacato (abertura lateral)”, pediu. Com dificuldade, o garoto realizou o movimento e lá estavam os 20cm entre o períneo e o chão. “Agora, coloca isso aqui”, disse Carlinhos, entregando a pulseira ao ginasta. “Faça de novo!” Queixos caíram. O professor arregalou os olhos. Ficou boquiaberto. Aldo, o Baiano, nada entendeu. Mas acabava de completar a manobra, perfeitamente, pela primeira vez na vida.

“Estou muito surpreso. Ele é duro e o efeito foi imediato. Neste período de treinamento de base, trabalhamos a flexibilidade diariamente. Quanto maior a amplitude do movimento, mais motivado o atleta fica. Acho que essa pulseira pode ser muito útil nos treinos para mostrar ao atleta que ele é capaz”, avaliou o técnico.

Relato do velejador

Lars Grael, 46 anos, usa a pulseira há mais de um ano e a indicou ao proeiro Ronald Seifert, 38 anos, parceiro de vela. “O Lars me deu de presente no começo do ano e comecei a usá-la. Com ela, disputei o Mundial de Star, em janeiro, no Rio. Depois do 35º lugar na primeira regata, conseguimos ficar na quarta colocação geral. Não sei se ela realmente ajudou ou se é por superstição, mas não tiro mais a pulseira do braço”, garante Ronald.


Magnetismo sobre os músculos

Com a promessa de maximizar o desempenho do exercício, aumentando o equilíbrio, a força e a flexibilidade, a pulseira de aparência inofensiva tem apresentado resultados surpreendentes até mesmo para os mais céticos. “Não acreditava nisso até ver que realmente acontece”, garantiu Carlinhos.

Segundo o fabricante, os efeitos são provocados por um holograma que, colocado em contato com o campo bioelétrico do corpo, emite ondas eletromagnéticas com atuação sobre o tecido muscular.

Criada pelo norte-americano Dirk Lindley, militar reformado da Força Aérea Americana, a pulseira EFX chegou ao Brasil em fevereiro do ano passado e ainda não há previsão de quando será comercializada no DF. Vendidos na internet, os braceletes custam de R$ 110 a R$ 130. Mesmo sem estudos científicos que comprovem os efeitos do aparato sobre o corpo humano, o fabricante garante que o holograma não tem prazo de validade, nem contraindicação.

Imagem em três dimensões
A holografia é uma forma de registrar ou apresentar uma imagem em três dimensões. Foi concebida teoricamente em 1948 pelo húngaro Dennis Gabor, ganhador do Prêmio Nobel de Física de 1971, e somente executada pela primeira vez nos anos 60, após a invenção do laser. É utilizada pela física como técnica fotográfica para análise de materiais ou armazenamento de dados.

Nada a ver com acupuntura

Segundo o fabricante, assim como a massagem terapêutica profunda e a acupuntura, o holograma promove o fluxo de energia ao longo dos principais canais meridionais, estimulando centros energéticos específicos. O diretor da Escola Nacional de Acupuntura (Enac), Ricardo Antunes, discorda: “Eu não acredito no poder da pulseira. Não posso afirmar que ela não funciona, mas ao que se atribui o funcionamento dela, nada tem a ver com a medicina tradicional chinesa. Pode ser alguma sugestão inconsciente. A pessoa usa e acha que com isso consegue fazer coisas que não realizava antes. Não sei, mas acho melhor testarem a pulseira com um especialista em cinesiologia”.

Teste comprova a eficiência

Para testar as propriedades físicas da pulseira EFX, o Super Esportes submeteu o apetrecho à psicóloga Luciana Peticacis de Avelar, especialista em cinesiologia aplicada. Curiosa para aferir empiricamente os prometidos poderes do bracelete, ela convidou Yago de Moura Quadros, 15 anos, jogador de futebol da categoria de base do Centro de Formação Guti Futebol.

Sem que ele soubesse do que se tratava, Luciana submeteu o garoto a uma bateria de testes musculares. Queria descobrir quais estavam disfuncionais (com falha na força). A partir daí, comprovaria se o produto funciona ou não.

Deitado sobre a maca do consultório, Yago não conseguia reagir à força que Luciana realizava para conservar o braço esquerdo dele distante do corpo. Depois, com a perna esquerda flexionada, em uma angulação de 90º, ele se esforçava para mantê-la parada contra o estímulo de Luciana para que esticasse o membro. Foi em vão.

“Por meio dos testes musculares, podemos identificar não só os bloqueios energéticos e emocionais, como também temos técnicas simples para liberá-los. Fiz o teste para medir a força dos músculos do Yago e descobri deficiência nos músculos de base, que dão força ao quadríceps e ao bíceps femural. Estão fadigados”, explicou.

Após definir os membros que seriam testados, Luciana colocou o bracelete no garoto e repetiu os testes, usando a mesma força aplicada anteriormente. Para surpresa dela, os músculos de Yago reagiram de forma diferente e ele conseguiu passar pelo exame. “Não acredito! Vou fazer de novo, mas sem a pulseira”, disse com espanto. Ela tirou a pulseira, repetiu os procedimentos e Yago não teve êxito.


Palavra de especialista

"Estou impressionada. A pulseira poderia gerar excesso de energia, mas testei e vi que não tinha interferência. Ela não faz mal ao sistema de energia. Uma das principais disfunções do organismo é a fonte de magnetismo e ela deve atuar nele. Também não tem nada a ver com sugestão inconsciente. O Yago não sabia o que estava sendo testado. Existe disfunção por sistema de crença, mas mesmo assim não influenciará na pulseira, por conta dos testes de energia que fiz.

Mesmo confirmando que o objeto provoca efeitos benéficos sobre o organismo, ela alerta para o uso: “É interessante e inovador para o mercado, mas espero que as pessoas não pensem que só o uso da pulseira resolverá todos os problemas e deixem de lado a boa alimentação e o exercício físico."

Luciana Peticacis de Avelar, psicóloga e especialista em
cinesiologia aplicada

Ciência muscular

É um sistema de toque para a saúde, cientificamente definido como ciência da ativação muscular, pois se vale de testes nessa estrutura como instrumento principal de acesso às informações no cérebro. A metodologia foi criada em 1964, pelo norte-americano George Goodheart. Ele tomou princípios de biomecânica e os combinou a elementos da terapia chinesa dos meridianos, da quiropatia e dos reflexos osteopáticos, além da bioquímica. Visa harmonizar os desequilíbrios energéticos do corpo em todos os níveis: estrutural, químico e emocional.





Fonte:correio Braziliense

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