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quinta-feira, 2 de julho de 2015

FASCEÍTE PLANTAR


A fasceíte plantar é uma lesão por esforços repetidos sobre a fáscia plantar (uma forte tira de tecido, como um ligamento, que se estende desde o calcanhar até os ossos do médio-pé). A fáscia plantar suporta e dá forma ao arco plantar e também age como um amortecedor de choques durante a marcha, a corrida e qualquer atividade que envolva impacto do pé no solo.
Apesar de fasceíte (como tendinite) levar a pensar em inflamação, esta raramente está presente. Cargas frequentes sobre a fáscia causam micro-rupturas (com ou sem inflamação associada), que evoluem rapidamente para um processo degenerativo do tecido conjuntivo na fáscia. Nesta fase geralmente é dado o nome de tendinose em vez de tendinite, no caso dos tendões.
A maior incidência desta lesão é sobre as mulheres, entre os 30 e os 60 anos, mas pode surgir em homens e em idosos. Como é uma lesão originada por esforços repetidos também é muito comum entre desportistas, pelo que estes devem procurar calçado desportivo que tenha um bom suporte para o arco plantar, procurar pisos regulares para praticar desporto e alongar regularmente os músculos do tendão de Aquiles (barriga da perna), de forma a manter uma boa amplitude de movimento.
Alguns factores de risco comuns incluem a obesidade, uma profissão que obrigue a estar em pé durante períodos prolongados, esporão do calcâneo, pés chatos, pouca amplitude da flexão do pé.
 Sinais e sintomas/ Diagnóstico
Dor no calcanhar nos primeiros passos depois de levantar da cama ou após longos períodos sem peso sobre o pé
Sensibilidade ao toque na planta do pé, na zona imediatamente à frente do calcanhar
Amplitude de flexão do pé diminuída e/dor ao estiramento da planta do pé
A pessoa pode claudicar ou andar mais sobre a ponta do pé
A dor agrava quando se tenta andar descalço em pisos duros ou subir escadas
Muitos pacientes referem ter tido um aumento no seu nível de actividade antes do início dos sintomas
 O diagnóstico é baseado nos sintomas e na avaliação clínica. Os pacientes podem apresentar um ponto de maior sensibilidade junto à tuberosidade medial do calcâneo. A dor na fáscia plantar é particularmente evidente com a flexão dorsal do pé e dos dedos, que provoca o estiramento da fáscia. O exame clínico tem em consideração, entre outros, o historial médico do paciente, o nível de atividade física e os sintomas locais. O médico pode optar por utilizar estudos de imagem como raio-x, ecografia e ressonância magnética em lesões crônicas. 
Tratamento
O tratamento conservador (sem recorrer a cirurgia) é quase sempre bem sucedido, no entanto a fáscia, assim como os ligamentos, leva bastante tempo a curar na totalidade. Está descrito que a maioria dos pacientes estará melhor nove meses após o início dos sintomas. No entanto uma combinação de diferentes tratamentos pode ajudar a acelerar a recuperação.
Os tratamentos que demonstraram ter maior eficácia para a fasceíte plantar:
Alongamento da fáscia plantar e do tendão de Aquiles (exercícios descritos abaixo)
Mobilizações e manipulações da articulação do tornozelo e da articulação entre o calcanhar e o tálus (ou astrágalo) demonstraram poder aliviar a dor por completo ao final de 6 tratamentos.
Ionização com ácido acético combinada com ligadura de tape para descompressão da região plantar demonstraram reduzir a dor ao final de 4 semanas
Palmilha para suporte do arco plantar revela eficácia no retorno à actividade normal
A cirurgia pode ser considerada em casos muito difíceis, geralmente é recomendada somente se a dor não diminuiu após 12 meses com tratamentos conservadores. A fasciotomia implica o destaque parcial da fáscia plantar da sua inserção no osso. Também pode envolver a remoção de um esporão no calcâneo, se este estiver presente. A cirurgia nem sempre é bem sucedida, e pode causar algumas complicações, como infecção, aumento da dor, lesões dos nervos nas proximidades, ou ruptura da fáscia plantar, assim deve ser considerada como um último recurso.
Exercícios terapêuticos para a fasceíte plantar
Os seguintes exercícios são geralmente prescritos durante a reabilitação de uma fasceíte plantar. Deverão ser realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição de não causarem ou aumentarem os sintomas.
Alongamento da planta do pé
Em pé, com a perna esticada, apoie o calcanhar no chão e a ponta do pé na parede, o mais alto que conseguir, dentro do limite do confortável. Mantenha essa posição por 20 segundos.
Repita entre 3 a 6 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.


Alongamento dos gémeos

De pé, com as mãos ao nível dos ombros apoiadas na parede. Colocar a perna a alongar esticada e atrás, dobrar à frente o joelho da outra perna, com as costas alinhadas. Mantenha essa posição por 20 segundos.
Repita entre 3 a 6 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.
Reforço muscular dos gémeos

Em pé, apoiado numa cadeira, coloque-se em pontas dos pés. Desça lentamente até todo o pé apoiar no chão. Repita este movimentos entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.

Antes de iniciar estes exercícios você deve sempre aconselhar-se com o seu fisioterapeuta.


Cole C, Seto C, Gazewood J. Plantar fasciitis: evidence-based review of diagnosis and therapy. Am Fam Physician. 2005 Dec 1;72(11):2237-42.
DiGiovanni BF, Nawoczenski DA, Lintal ME, Moore EA, Murray JC, Wilding GE, et al. Tissue-specific plantar fascia-stretching exercise enhances outcomes in patients with chronic heel pain. A prospective, randomized study. J Bone Joint Surg Am. 2003 Jul;85-A(7):1270-7.
Riddle DL, Pulisic M, Pidcoe P, Johnson RE. Risk factors for Plantar fasciitis: a matched case-control study. J Bone Joint Surg Am. 2003 May;85-A(5):872-7.
Young B, Walker MJ, Strunce J, Boyles R. A combined treatment approach emphasizing impairment-based manual physical therapy for plantar heel pain: a case series. J Orthop Sports Phys Ther. 2004 Nov;34(11):725-33.

Autor: João Carlos Maia – Fisioterapeuta

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