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quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

A eficácia da massagem e terapia manipulativa no tratamento da fascite plantar



Entenda como a massoterapia pode ter um papel fundamental no tratamento desta condição inflamatória, muito comum em atletas e corredores
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Ao apoiar os pés no chão, logo nos primeiros minutos da manhã, você sente uma dor aguda e lancinante na superfície plantar dos mesmos. Com o passar do dia, esta dor até diminui ou praticamente desaparece, porém retorna ao final do expediente no escritório, após ficar horas sentado em uma cadeira. Uma das hipóteses prováveis é que você esteja acometido pela fascite plantar (veja wikipédia).
Definição
A fascite plantar se caracteriza por uma dor e inflamação ocasionadas por lesões da fáscia plantar do pé. A dor concentra-se principalmente na frente do calcanhar e tende a se tornar aguda após um grande período de imobilidade, esteja o indivíduo em pé ou sentado. Geralmente as radiografias e ressonâncias magnéticas demonstram que se formou um esporão ósseo na inserção do calcâneo anterior.
Não é exclusiva de atletas
É uma condição que afeta geralmente os adultos, principalmente homens e mulheres acima dos 45 anos. De acordo com Ruth Werner, autora do livro Guia de Patologia para Massoterapeutas (A Massage Therapist’s Guide to Pathology), cerca de 10% de todos os corredores sofrem ou sofrerão de fascite plantar no decorrer de suas carreiras. Porém,  ao contrário do que muitos pensam, não é uma patologia que incide somente em atletas e corredores; muitos indivíduos sedentários são suscetíveis a ela. Já crianças, por terem a fáscia plantar bastante elástica, são mais difíceis de serem acometidas por tal inflamação.
Porquê ocorre?
São variadas as causas da fascite plantar. As principais são:
  • Sobrepeso.
  • Músculos da panturilha (gastrocnêmio e sóleo) retraídos ou enrijecidos.
  • Aponeurose plantar enrijecida e inflexível.
  • Pés planos ou pronados.
  • A fascite pode ser uma consequência secundária de distúrbios como a gota ou artrite reumatóide.
  • Uso excessivo e repetitivo (correr demasiadamente, permanecer de pé por muito tempo em superfícies duras, entre outros) que acarrete em um estresse aos pés.
Principais sinais e sintomas
  • Dor mais intensa e aguda nas primeiras passadas da manhã, após acordar;
  • No decorrer do dia, a dor atenua ou desaparece completamente. Entretanto, a mesma retorna quando a pessoa permanece em uma posição ereta por muito tempo, seja sentado, caminhando ou correndo;
  • Uma sensação de ‘esmagamento’ na superfície plantar e, principalmente, na região do calcâneo anterior e no arco do pé.
Como tratar?
Um princípio comum entre as diversas formas de tratamento da fascite é de diminuir as tensões responsáveis por novas lesões na superfície plantar logo na parte da manhã, nos primeiros momentos em que os pés encostam no chão. Algumas abordagens de prevenção conhecidas são:
  • Aquecer e massagear as solas dos pés e os músculos da panturrilha (gastrocnêmio e sóleo) antes de apoiá-los no chão, ao acordar;
  • Utilizar palminhas ortopédicas e de silicone nos calçados para impedir que os pés fiquem em dorsiflexão (movimento em que o dorso e os dedos do pé se aproximam da perna);
  • Uso de uma tala noturna para alongar e manter a fáscia plantar em uma ‘ligeira’ posição de dorsiflexão;
  • Outra dica para manter a aponeurose plantar flexível é rolar uma bola de tênis ou um massageador na sola dos pés várias vezes ao dia. Uma garrafa de água congelada, ou lata de refrigerante/cerveja servem para o mesmo fim.
Tratamento pela massagem
A terapia manual ou massagem é extremamente indicada no tratamento da fascite plantar. Várias manobras podem ser utilizadas para ‘soltar’ e flexibilizar os músculos da panturrilha (que se encontram encurtados neste tipo de condição), musculatura esta que, por estar ligada ao tendão de aquiles (ou calcâneo), exerce tração sobre a superfície plantar. Alguma das manobras recomendadas:
  • Pétrissage (ou amassamento compressivo): nesta técnica, as mãos são posicionadas em lados
    petrissage calves
    Amassamento compressivo (Figura 2)
    opostos para levantar a massa muscular para longe do osso (figura 2).
  • Fricção: é uma manobra no qual o tecido é comprimido e alongado. A base da mão, cotovelos, punhos ou polegares podem ser usados para realizá-la.
Trabalhando a sola do pé
É de suma importância alongar o tecido denso da sola do pé. Para tal, o terapeuta pode utilizar os seguintes recursos:
  • Usar as articulações (falanges) dos dedos da mão para alongar a fáscia plantar desde a base do calcâneo até a
    Sem título
    Art Riggs – Técnicas de Massagem Profunda (figura 3)
    região plantar medial (figura 3). A mão que estiver livre é utilizada para flexionar o tornozelo e os dedos do pé, propiciando, assim, um alongamento mais amplo. Recomenda-se não usar emolientes (óleos ou cremes) em excesso durante esta manobra.
  • Acupressão ou dígito-pressão: pressão intermitente com os polegares nos pontos de tensão da fáscia plantar (figura 4).
  • Outro fator primordial é de sempre respeitar a tolerância de dor de seu cliente, ainda mais em uma condição inflamatória delicada como esta em que o tempo de recuperação é comprovadamente lento, geralmente de 10 até 12 semanas.
    Sem título2
    Massagem Terapêutica Esportiva – Pat Archer (Dígito-pressão – Figura 4)
Crioterapia e alongamentos
Um procedimento utilizado por muitos terapeutas, ao final deste tipo de sessão, é de aplicar gelo no local. Uma recomendação fundamental, porém, é de alongar bastante a musculatura da panturillha e, também, de ensinar a seu cliente uma rotina de alongamentos que trabalhe não apenas a região do tornozelo, mas toda a parte posterior das pernas e dos quadris, a fim de evitar que este tipo de lesão retorne.
Rogério Neves
Referências e Fotos.
  • Associação Brasileira de Massoterapia Clínica (ABRAMC): http://www.abramc.org.br/.
  • ARCHER, Patricia A. Massagem Terapêutica Esportiva. Barueri, SP: Manole, 2008. 317 p.
  • WERNER, Ruth. Guia de Patologia para Massoterapeutas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 648 p.
  • RIGGS, Art. Técnicas de Massagem Profunda: Um Guia Visual. Barueri, SP: Manole, 2009. 270 p.

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