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sábado, 14 de julho de 2012

As mãos mágicas de Chicão, o fisioterapeuta alternativo

De Telê a Deco: as mãos mágicas de Chicão, o fisioterapeuta alternativo

Profissional alia fisioterapia a métodos milenares e ajuda Deco a passar da aposentadoria iminente à renovação com o Flu até o fim de 2013

Francisco Briglia é chamado de mago. Outros preferem o apelido de bruxo. Em tom de brincadeira, até maluco ele já ouviu. No seu cartão de visita uma frase chama atenção: “cuidado com a mente porque o corpo sente”. Sem mágicas nem bruxarias, muito menos maluquices, Chicão decidiu, depois de anos de estudo, aliar à fisioterapia processos de acupuntura, reiki e cinesiologia. Com um conjunto de técnicas próprias, ele cuida do corpo, da mente e do espírito. Prestou serviços para Telê Santana, Júnior, Araújo, jogadores do futebol de areia e agora Deco. Vítima de seguidas lesões até o ano passado, o jogador do Fluminense sempre foi admirador de métodos alternativos aliados ao trabalho desenvolvido nos clubes.

- Comecei há 20 anos, com massagem e shiatsu. Depois, fiz um curso de acupuntura e comecei a me interessar por esse ramo, indo pelo caminho da medicina chinesa, japonesa, coreana. Estudei com um professor que me deu um "upgrade" muito grande, Antônio Augusto Cunha. Resolvi estudar fisioterapia e consegui minha formação do lado científico. Vivia o lado da acupuntura e outras técnicas milenares. Vim conhecer o corpo humano e, com o tempo, fiz meu tipo de trabalho, juntei certas técnicas que fazem o meu caminho. Mas, mesmo assim, via que muita gente de quem eu cuidava não melhorava das dores. Comecei a pesquisar o motivo. Então, parti para a parte emocional, fiz um curso de cinesiologia mental. Por meio de um equilíbrio muscular, você volta ao passado, descodifica traumas que ficam na memória celular. Isso fazia com que as dores passassem – explicou Chicão.

Aos 55 anos, o fisioterapeuta começou seus estudos há mais de 20. Aliou a fisioterapia com a cinesiologia, ciência que consiste em criar um estado de saúde e harmonia, colocando todos os aspectos físicos, emocionais e mentais em equilíbrio. Mais do que tratar uma lesão ou dor de forma isolada, o método de Chicão visa ao aspecto psicológico e espiritual do paciente.

Chicão trabalhou durante dois anos com a seleção de futebol de areia, quando tratou atletas como Jorginho, Benjamim e Robertinho. Junior foi um dos seus muitos pacientes. E responsável por recomendar Chicão a Deco e outros jogadores.

- Sempre faço as coisas com ele. Não é só a manipulação, é a forma como ele chega até isso. Vai buscar certas origens de uma dor que as pessoas não se preocupam. Ele tem um estudo que permite entender melhor. E também a questão da prevenção. Estava com meu joelho travado, ele fez o processo com ventosas, acupuntura e tirou o sangue pisado. Hoje digo que sou outra pessoa. Quando você está privado de fazer o que gosta entra em conflito consigo mesmo – revelou o ex-jogador.

Depois de um ano problemático em 2011, Deco se viu livre das lesões com o trabalho do departamento médico do Fluminense, complementado pelos atendimentos particulares de Chicão. O jogador, que pensava em se aposentar, não coloca mais prazos para deixar os gramados e nesta quinta-feira renovou contrato com o Tricolor até o fim de 2013.

- Com prevenção, você consegue aumentar sua vida útil no futebol. Meu trabalho com Chicão me ajuda, estou mais solto nas articulações, me deu mais tempo de vida útil no futebol - afirmou o jogador do Fluminense.

Aos 34 anos, Deco exalta o trabalho no Tricolor e também aponta uma mudança da mentalidade do futebol brasileiro.

- Os clubes já começaram a orientação de prevenção. Antigamente, só tratavam depois de machucar, isso está mudando. No próprio Fluminense eu já faço. Acho que esse é o futuro em termos de prevenção. No meu caso, o trabalho do Chicão ajuda bastante, envolve toda essa parte energética. Lesão traumática não tem o que fazer, o problema são as lesões repetitivas. Além do estresse de não conseguir jogar, é o estresse emocional mesmo. Sempre costumo dizer: muitos falam de chinelinho. Eu não consigo entender alguém ter prazer de ficar no departamento médico, não entendo essa crítica. A gente que joga sabe que não tem coisa pior do que ficar no DM. E muitas vezes ficamos emocionalmente abalados com a lesão - afirmou Deco.

Chicão utiliza em Deco e em outros pacientes técnicas específicas para cada um. De sua mala de trabalho saem martelos de madeira, óleos, ventosas, agulhas, entre outros instrumentos.

- Uso óleos para fazer massagem, a própria essência já trabalha a parte emocional, já que cada um é ligado a um certo tipo de emoção. Tem a técnica dos martelos, onde você coloca as articulações que estejam desniveladas nas suas funções normais, liberando o sistema nervoso central, todos os sentidos de ligação que o corpo precisa. São mais de 25 técnicas diferentes que agrupei. Diferencial, ventosas, martelo. A ventosa, uma das coisas das mais antigas da medicina, é para ajeitar a falta do fluxo sanguíneo oxigenado, que é o que leva as impurezas e edemas. A ventosa é isso, trabalha o pescoço, o humor, uso no corpo todo. Já a acupuntura é como um prédio que tem sua fiação central e distribui luz para cada pavimento – explicou Chicão, que conta com apoio de neurologistas, fisioterapeutas que fazem trabalho de reforço muscular na água, RPG, drenagem linfática, entre outros.

Robertinho, goleiro da seleção de futebol de areia durante anos, também é paciente de Chicão. E exalta o trabalho diferenciado feito pelo profissional nascido na Bahia, mas que escolheu o Rio para morar.

- Ele é o chinês baiano (risos). O trabalho dele não tem explicação, e também cura estresse, depressão, lesões. Chicão já me recuperou de várias contusões. Ele mete a mão, conhece os pontos certos, trabalha com óleos. Eu vou a uma consulta e no dia seguinte estou melhor. É diferente e o resultado o melhor possível - declarou Robertinho.

Atualmente no Náutico, Araújo também destaca os benefícios que conseguiu com Chicão, com quem conversa por telefone atualmente.

- Chicão me ajudou e ainda ajuda muito. Além de trabalhar o corpo, ele também visa o psicológico, sempre com coisas boas. Sempre converso com ele por telefone, ele é importante para mim - disse Araújo.

Olhos arregalados, voz mansa e mãos firmes, Chicão aplica massagens e tenta entender um pouco mais da parte emocional e espiritual do paciente. Foi assim com Deco para desatar nós pelo corpo e cabeça do jogador. Segundo o fisioterapeuta, além do corpo, o psicológico merece atenção especial para que o resultado seja satisfatório.

- Se não tiver confiança, já está dizendo ao seu corpo que não aceita; se sentir a coisa fluir, fica mais equilibrado, mais tranquilo emocionalmente, passa a desejar aquilo para você. A profilaxia faço direcionada para o que cada um precisa. No caso de Deco, a primeira coisa a ser tratada foi o emocional, pois o cara vem deprimido, chateado, o cara quer jogar, quer ficar de bem com a vida. Quem fica machucado é por fora e por dentro. Às vezes, o corpo vai acentuar a lesão pela própria questão emocional. No meu cartão, tem uma frase: cuidado com a mente que o corpo sente. A parte energética, quando é bloqueada, não tem remédio que dê jeito. A medicina não vê assim. Muitas pessoas não acreditam. Pego pessoas com seis anos de dor por um bloqueio energético - afirmou Chicão.

Deco confessa que, além da medicina, antes mesmo de chegar ao Fluminense sempre buscou outras alternativas para cuidar do equilíbrio entre corpo e mente.

- Sempre gostei de medicina alternativa, acupuntura. Tanto é que nos tempos de Barcelona tinha um senhor que sempre ia comigo para lá, seu Taka, que ajudava a me recuperar muito melhor, principalmente em lesão muscular. Sempre gostei de pilates, esses tipos de auxílios no dia a dia. Em Londres, eu já fazia. Contratei uma pessoa que fazia fisioterapia para alongar e aliviar a estrutura do corpo, em Barcelona já fazia pilates. No ano passado, vinha numa fase que emocionalmente estava mal, só pensava em parar, porque não conseguia jogar. Fiz com o Chicão um trabalho focado nisso. Depois, um trabalho de prevenção. Tenho um problema muito grande nas articulações, então, preciso soltar, manipular. Ele faz um trabalho em conjunto com que faço no Fluminense, que me permite estar sem dor - afirmou Deco.

Os métodos de Chicão, indicados não somente para atletas, renderam apelidos e brincadeiras.

- Uns me chamam de bruxo, mago, toda hora é isso (risos). Até maluco. Encontrei minha missão que é ajudar os outros, quebrar as pedras do caminho, por isso uso tanto martelo – brincou Chicão.



Por Janir Júnior

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