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domingo, 6 de abril de 2014

6 Motivos para a Massagem entrar na sua planilha



Conheça a técnica que poupa os músculos do estresse exagerado, atenua dores e melhora a corrida

A proposta da massagem esportiva é melhorar a performance nos treinos e livrar-se do cansaço e das dores musculares após uma corrida. Os especialistas não têm dúvidas: quando bem-feita, a massagem desportiva ativa a circulação sanguínea, alivia os sintomas de estresse e faz muito bem para a musculatura. Realizada periodicamente, sob a orientação de um treinador, é capaz de fazer com que o músculo tolere as cargas de absorção e produção de energia de maneira mais suave, reduzindo as chances de fadiga e lesões por overuse (sobrecarga) na corrida. Tudo isso sem você suar a camisa ou dar um só passo.
Palavra de origem grega que significa “amassar”, a massagem atravessou milênios sendo respeitada como um complemento das modalidades desportivas de alto teor terapêutico. E não há exagero algum nessa afirmação. Até mesmo o grego Hipócrates (460 a 377 a.C.), pai da medicina, já dizia que a massagem potencializava o vigor físico dos atletas. E ele não era o único entusiasta das manobras realizadas com as mãos. Defendiam essa ideia outros luminares da história, como Aristóteles, Platão e Galeno.
Com o aval dessa turma, não é de estranhar que a massagem tivesse desempenhado papel importante no terreno esportivo grego. Mais um incentivo para você entregar suas pernas a um terapeuta corporal, como trunfo para melhorar a performance nos treinos e competições.
6 motivos para a massagem entrar na sua planilha
1. Facilita a recuperação
A técnica também é bem-vinda na reabilitação de lesões, como rompimentos, torções, estiramentos, edemas e dores generalizadas. Porém, quando se trata de lesão muscular, é preciso esperar o momento certo (uma fase mais tardia do processo) para se recorrer à massagem. Isso porque, em lesões recentes, a massagem pode atravessar o processo de cicatrização do tecido, criando no local um tipo de calcificação.
2. Manda a fadiga embora
Até duas horas depois de um treino ou de uma competição, a massagem deve ser feita com pressões de leves a moderadas, apenas para controle do hipertônus e estímulo da circulação. Com isso, libera-se o lactato muscular, ou ácido lático, substância que, como se sabe, é limitante para a realização de exercícios — seu estoque elevado prejudica o perfeito funcionamento das funções do corpo. “Apesar de, em pessoas fisicamente ativas, o organismo eliminar o lactato em até duas horas após a prática de uma atividade intensa, a massagem pode acelerar esse processo”, afirma Pastre.
3. Turbina o aquecimento
A massagem pré-atividade pode servir de preparação do corpo para o esforço físico. “Deve ser feita com gestos ligeiros e suaves, para o aquecimento apenas superficial dos tecidos, com a fricção das mãos do terapeuta na pele do atleta”, explica Carlos Marcelo Pastre, fisioterapeuta e fisiologista do esporte, em São Paulo. A técnica estimula o aumento da produção de adrenalina no organismo, facilitando os exercícios de alongamento e a fase do aquecimento. Resultado: no início da prova, o atleta evita que seus músculos tenham de se adaptar na marra à corrida. Não confundir com a massagem relaxante, que coloca em risco a eficiência da contração muscular.
4. Agrega o efeito “DETOX”
No pós-operatório, por sua vez, é possível aliar a massagem à técnica da drenagem linfática, que acelera a eliminação de resíduos e líquidos, colaborando para a recuperação do paciente. A sugestão é de Claudio Maradei, educador físico e especialista em shiatsu e técnicas orientais, de São Paulo. Segundo ele, o uso conjunto dessas duas terapias colabora para a eliminação de edemas e inchaços, além de reduzir o estágio da hipóxia (quando há falta de oxigênio no local da contusão ou ferimento) e esvaziar os ductos coletores de linfas — eliminando as toxinas.
5. Antecipa o diagnóstico
Se você pensar em massagem como um programa de prevenção — no início, de duas a três sessões por semana; na fase de manutenção, uma sessão semanal —, é possível que o terapeuta até antecipe o diagnóstico de seu médico. O toque do especialista é capaz de antever aderências da fáscia muscular, lesões camufladas e fragilidades nas articulações — não raro, sem a percepção prévia do paciente. Sabe aquela história de que o corpo fala? Pois é, há tensões que deduram quando o corredor está ultrapassando o seu limite físico nos treinos e até quando força a respiração nas passadas. Tudo isso captado pelas mãos treinadas do terapeuta corporal.
6. Faz bem até para a cabeça
Nos Estados Unidos, pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Miami, em conjunto com seus colegas da Universidade Duke, mediram os índices bioquímicos do corpo de atletas após a terapia da massagem e encontraram grande redução dos níveis de cortisol (o hormônio do estresse), norepinefrina (neurotransmissor ligado ao aumento de ansiedade) e dopamina (estimulante do sistema nervoso central). O  estudo ainda registrou aumento nos níveis de endorfina (neurotransmissor ligado à sensação de bem-estar) e serotonina (substância calmante e sedativa). “Para os corredores, esse menor nível de depressão e ansiedade é essencial para o bom rendimento em competição”, explica Moisés Cohen, médico do esporte e chefe do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Que massagem é essa?
Em termos técnicos, trata-se de uma manipulação mecânica dos tecidos do corpo com movimentos rítmicos e cadenciados, capazes de repercutir em diversos sistemas orgânicos. Dependendo do tempo de aplicação, da técnica aplicada e da pressão exercida, a massagem reduz a tensão sobre as ’ fibras musculares. Também atua sobre os nervos, produzindo elevação ou queda da velocidade de condução de estímulos. Sem falar dos benefícios para o sistema vascular, com o aumento (obtido com pressões leves a moderadas) ou diminuição (por meio de pressões intensas) do fluxo sanguíneo.
Teórico demais? Então descubra na prática como a massagem pode ser parceira de seus treinos. Para isso, basta escolher um profissional habilitado, que pode ser um educador físico, um fisioterapeuta ou um massoterapeuta. O essencial é que esteja capacitado para fazer uma leitura corporal coerente e entender o movimento do atleta na corrida. Feito isso, deixe-se convencer pelos benefícios — dentro e fora das pistas.
As contra-indicações
Como em tudo sempre há os prós e os contras, a massagem é contraindicada para atletas com inflamações ou feridas na pele, infecções gerais ou trombose venosa profunda (formação de coágulo no interior das veias). Mais: “Pessoas com insuficiência cardíaca devem tomar cuidado, especialmente com a massagem de drenagem, que aumenta o aporte sanguíneo, podendo sobrecarregar as funções do coração”, alerta o dr. Moisés Cohen.
Da mesma forma, por causa de equívocos sobre a fisiologia dos sistemas nervoso e circulatório, o atleta deve praticar a automassagem somente sob orientação profissional.
Cada qual com seu tal
A palavra final sobre o melhor tipo de massagem para o seu perfil de atleta deve ser dada pelo seu terapeuta. Mas, antes disso, você pode aprender mais sobre cada uma delas.
Sueca: Técnica tradicional, realizada com óleo ou creme, com movimentos de deslizamento, amassamento e fricção. O ritmo e as áreas atingidas são adaptáveis.
Compressão: De maneira rítmica, é útil para estimular a hiperemia (aumento do volume de sangue circulante em determinado local) e provocar aquecimento profundo.
Linfática: Massagem que acelera a eliminação de líquidos e resíduos metabólicos acumulados entre as células, colaborando especialmente na recuperação de lesões em fase tardia.
Shiatsu: De origem oriental, feita por meio de pressão com os dedos, alivia pontos de tensão e libera os fluxos de energia, proporcionando sensação de bem-estar.
Criomassagem: Com a aplicação de gelo, compressa gelada, banho frio ou spray refrigerante, tem efeito anestésico e ajuda a controlar espasmos, dor e inflamação.
Trigger points: Técnica aplicada nos pontos de gatilho, por meio do posicionamento e pressão combinados dos dedos. Alivia hipersensibilidade e focos de dor.
Reflexologia: Massagem na sola dos pés, com o intuito de trabalhar todo o organismo, ou musculaturas que não podem ser diretamente manipuladas, a partir de pontos reflexos.
Acupressura: Recurso que segue os mesmos princípios da acupuntura, mas utiliza apenas a pressão das pontas dos dedos em locais tensos.
FONTES Claudio Maradei, educador físico, massagista esportivo da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), especialista em shiatsu e técnicas orientais e pós-graduando em pilates, de São Paulo; Moisés Cohen, médico do esporte, chefe do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), presidente da Sociedade Mundial de Artroscopia, Cirurgia do Joelho e Trauma Desportivo (Isakos) e diretor do Instituto Cohen de Ortopedia, Reabilitação e Medicina do Esporte, de São Paulo; e Carlos Marcelo Pastre, fisioterapeuta de alta performance, fisiologista do esporte, especialista em terapia manual e técnicas osteopáticas, com pós-doutorado em ciências da saúde e professor assistente doutor da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, de São Paulo.
(Matéria publicada da Revista O2, edição número 106, fevereiro de 2012)

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