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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Pernas depiladas facilitam tratamento de escoriações

Quem não é do ramo em geral acha estranho, mas a maior parte dos ciclistas masculinos na Brasil Ride, sejam profissionais ou amadores, não têm nenhum pelo na perna. Alguns chegam a arrancar a penugem dos braços e do peito, mas as explicações para esse hábito variam entre os atletas.

Um dos principais argumentos na defesa das pernas lisas, ao contrário do que se pode pensar, não é um possível aumento de performance, mas uma melhora no cuidado de feridas. “Com as pernas depiladas os machucados cicatrizam mais rápido e fica mais fácil de limpar”, defende Thiago Elias, conhecido como Brou, que prefere usar um barbeador.

Seu companheiro na competição, o ciclista Rosinha, também acha que o hábito ajuda na recuperação e nos cuidados em geral. “Os machucados ficam mais fáceis de tratar. Também tem a massagem, na qual os pelos acabam incomodando”. O Atleta prefere utilizar cremes que enfraquecem os pelos ao invés da lâmina de barbear, pois considera mais rápido e indolor.

O líder das duplas mistas, Mateus Ferraz, fala que todo dia tem um ralado novo por causa de pedras e da vegetação. “Na hora da massagem, da limpeza e de cuidar desses ferimentos, fica mais fácil sem pelo. Eles também podem infeccionar, por isso a maior parte dos atletas de ponta raspa ou depila”, explica.

Ferraz, que acha o uso de cera muito dolorido, diz que acaba se raspando com barbeador, “mas hoje em dia tem um aparelhinho especial para atletas, para os homens mesmo, que pode usar no chuveiro e é menos doloroso. A depilação eu deixo para a mulherada”.

Até mesmo o piloto Christian Fittipaldi é um adepto da prática. “Se você cai como aconteceu comigo algumas vezes em treino, consegue cicatrizar muito mais rápido”, afirma. “Tenho a sensação de que as pernas estão arejando o tempo todo”, completa.

Além de questões médicas, alguns assumem que as companheiras também gostam da pele lisinha. Paulo Borges é um deles, afirma que “para fazer massagem a depilação facilita bastante, mas na verdade a namorada gosta, ela que me depila”. Ele também usa lâmina porque a cera 'dói demais', defende ainda que “em caso de queda você recupera a lesão mais rápido, a cicatrização não inflama sem o pelo”.

Um dos poucos peludos da competição, o ciclista Rogério Gomes disse que se esqueceu de arrancar os pelos. “Antes de provas longas eu costumo depilar só as pernas porque acho o pós queda melhor, o curativo”, justificou. “Você pode ver que minha perna está toda machucada e para limpar e higienizar fica tudo mais difícil”.

Quando questionado sobre seu aspecto natural, o também adepto aos pelos Clécio Pazanelli justificou brincando que “a filha não deixa”. Depois esclareceu que nunca havia tentado depilar, mas também não sente falta. Já o ciclista Juliano Simões desdenha um pouco, dizendo que “a pratica funciona para os caras que da elite, porque eles devem fazer massagem. Caso contrário não é preciso”.

Opinião médica. Segundo o médico da prova, doutor Clemar Corrêa, o hábito de se depilar é justificado pelas escoriações frequentes, mas em função de uma facilidade no tratamento. “Quando se têm muitos pelos, o curativo não gruda adequadamente e tirá-lo toda hora incomoda”, explicou.

Na avaliação dele, “quanto ao fato de reduzir a taxa de infecção quando se faz depilação, eu não acredito. Eventualmente pode haver uma pequena mudança na quantidade de bactérias, mas é algo insignificante”. Segundo Corrêa, “é diferente do atleta olímpico de altíssima performance da natação, que eventualmente retira todos os pelos do corpo, o que pode significar alguns centésimos de segundo”.

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