Isso nos leva ao fato de que praticamente todos os corredores de rua já tiveram, têm ou terão diversas lesões como tendinopatias (tendinites), fraturas por estresse, lesões musculares, desgastes articulares e muitas outras. Mas não é este o fato que faria com que os corredores parassem de correr, pois é melhor ter lesões ortopédicas do que doenças cardiovasculares ou outras doenças ligadas ao sedentarismo.
O problema é que quando ocorre alguma lesão o corpo não reage apenas naquele local. Durante a fase de cicatrização, o corredor muda sua rotina (muitas vezes se movimenta menos), e por esse motivo, além de ocorrer o processo de cicatrização no local, podem ocorrer aderências teciduais na região em volta da lesão ou até em locais distantes. Isso faz com que quando o atleta volte a se movimentar comece a sentir dores ou rigidez em lugares diferentes, sensações difusas de incomodo que muitas vezes podem ser confundidas com uma lesão persistente, e este processo na verdade é natural.
Essas aderências, também chamadas de fibroses, nada mais são do que um processo causado por fatores como a diminuição de movimento entre os tecidos pela inatividade da fase de cicatrização, micro lesões causadas pelo retorno aos treinos (dor muscular tardia) e movimentos repetitivos do dia a dia. Esses esforços podem levar ao acúmulo de tensão muscular fazendo com que o ambiente fique mais ácido e estimule ainda mais o depósito de fibras entre os músculos e fáscias, dando esta sensação de rigidez e às vezes até mesmo dor.
Para evitar este tipo de ocorrência, na medida em que o processo de tratamento pós-lesão permita, o alongamento diário é muito bem vindo. A terapia manual para liberação miofascial (músculos e fáscias) também pode ajudar muito se feita por um profissional habilitado, pois muitos pacientes chegam ao consultório reclamando que foram fazer uma massagem e ficaram com mais dor, provavelmente porque a massagem foi feita sobre uma lesão ou estimulando um processo chamado de inibição recíproca, no qual se estimula o relaxamento demasiado de um grupo muscular contrário (antagonista) ao grupo muscular contraturado e isto provoca um aumento da contratura.
A diferença entre Terapia Manual e massagem é que a Terapia Manual é feita com o objetivo de melhora da biomecânica e liberação miofascial, às vezes até mesmo de forma reflexa, trabalhando a musculatura oposta. Já na massagem comum é feita uma sequência de manobras que não levam em consideração a biomecânica e nem a lesão especificamente, por isso muitas vezes o resultado é positivo, mas pode ocorrer piora da dor.
Portanto, quando estiver voltando aos treinos e sentirem que existe alguma rigidez ou dor nova não se desespere, consulte o profissional que te orientou durante todo processo de reabilitação, pois pode ser só uma aderência!
Por Claudio Cotter
webrun.com.br
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